Nasceu em: 31 de outubro de 1950 em São Paulo, mudou para São Bernardo em 1959
Eu vi São Bernardo crescer, acompanhei a construção da Av. Senador Vergueiro, Caminho do Mar, peguei tudo de terra, a Rua que eu morava não existia luz, água, saneamento básico, acho esta cidade maravilhosa, não me vejo morando em outro lugar.
Local aonde morou e trabalhou com a espiritualidade: Irajá, Demarchi e Jardim Seleta, Rudge Ramos.
Como e quando surgiu sua vocação para a espiritualidade?
Mãe Mercedes – A minha vocação começou com um irmão que tinha problemas com alcoolismo. Falavam que ele tinha encosto e uma série de doenças. Assim, resolvemos procurar a espiritualidade pela primeira vez. Muitos diziam que ele era médium e, a partir disso, comecei a acompanhá-lo no desenvolvimento da mediunidade. Porém, eu continuei e meu irmão parou. O início da minha vida religiosa aconteceu no Candomblé e, em 1976, fui raspada com a Mãe Erotildes (Erô), filha de Iansã, que tinha um terreiro no Rudge Ramos. Fiquei no Candomblé até 1998, quando conheci o Mestre Rubens Saraceni e a Umbanda.
Como foi sua iniciação na Umbanda?
Mãe Mercedes – Em 1998, eu fechei um terreiro de Candomblé e alguns filhos de santo, juntamente com Carlos Tadeu (Pacô) foram para uma casa de Umbanda. Me convidaram e, na ocasião, comecei a fazer os cursos ministrados por Rubens Saraceni, como Teologia, Magias e Sacerdócio. Me aprimorei na religião e, em 2001, abri o Templo de Doutrina Umbandista Pai Oxalá e Pai Ogum. De 1998 até 2001 trabalhei no Templo Estrela Azul em São Caetano do Sul.
Nesses 38 anos de vida dedicada à espiritualidade, alguma experiência que a marcou?
Mãe Mercedes – A experiência que mais me marcou foi quando o Seu Tranca Ruas das Matas fez uma cirurgia espiritual, nos anos 90. Uma pessoa precisava operar de hérnia de disco e ele com apenas um pano branco realizou uma intervenção cirúrgica espiritual. Com isso, a mulher não precisou fazer cirurgia com médicos e ficou curada. Tudo o que recebi da espiritualidade foi dado por minhas próprias entidades. Assim, eles tinham certo controle pelo o que eu fazia. Com isso, acredito que mesmo quando eu estava no Candomblé, sempre fui preparada para trabalhar na Umbanda.
Qual a importância do crescimento interno do médium para desenvolver ainda mais o trabalho mediúnico e assistencial?
Mãe Mercedes – Logo no começo das atividades, a espiritualidade passou que a assistência é muito importante para nós, sendo o nosso laboratório. Porém, no Templo, o mais importante é o médium, porque a cada médium que chega para desenvolver a mediunidade ou mesmo que já tenha a sua espiritualidade evoluída, temos que fazer com que ele confie no que carrega. Só assim, ele conseguirá ser um bom médium e nunca terá dúvidas com relação ao espiritual, valorizando a casa em que trabalha.
O Templo desenvolve um trabalho de assistência social com o Projeto Caridade. Como começou e quantas famílias são atendidas atualmente?
Mãe Mercedes – O Projeto Caridade começou de uma promessa que eu fiz para curar um dos meus filhos que era muito doente. Prometi que se ele ficasse bom, eu daria o que comer para 21 mendigos. Durante muito tempo fiz isso sozinha e, nos últimos 9 anos, comecei a arrumar parceiros para aumentar ainda mais o número de assistidos. Conseqüentemente, os médiuns que já trabalhavam no Templo também decidiram ajudar. Com isso, o trabalho assistencial cresceu e hoje, o Projeto Caridade não é apenas fornecer o alimento, mas também transmitir ensinamentos. Atualmente, cerca de 80 famílias são contempladas com uma cesta básica mensal. Para o decorrer do ano, juntamente com os nossos parceiros, entre eles a Dra. Ana Maria, temos a intenção de aumentar ainda mais o número de famílias atendidas. Já estamos trabalhando para a construção de nossa sede própria, já temos o terreno, fica no Jardim Seleta. Hoje atendemos as famílias na Rua Araujo Viana, 23 Jd. Silvina. Alguns Projetos já estão em funcionamento, como Bazar de Roupas, Grupo da Melhor Idade, Oficina de Fuxico e o Bate Lata com crianças de 9 à 15, além de distribuição de 50 cestas básicas 1 vez ao mês.
A Umbanda comemorou 100 anos de existência em 2008. Na sua visão, quais foram os principais acontecimentos ocorridos? Como a senhora vê o crescimento da Umbanda nos últimos anos?
Mãe Mercedes – Sou nova na Umbanda, mas sempre fui uma estudiosa da religião. No início, foi um período muito difícil para os pais de santo e sacerdotes, de abertura e fechamento de muitos terreiros, principalmente, nos anos 70. Hoje, os templos são abertos com mais conhecimento, porque a espiritualidade muda conforme o mundo. Eu sempre digo que existem dois tipos de Umbanda: antes de Rubens Saraceni e depois de Rubens Saraceni, com a publicação do livro Código de Umbanda. Essa é a Umbanda que eu me realizo e sou feliz, onde aprendo e ensino.
Qual a importância de Rubens Saraceni para a Umbanda?
Mãe Mercedes – Rubens Saraceni foi quem abriu os meus olhos para a Umbanda. Hoje, ele é o meu mestre de ensinamentos. Eu sigo o que aprendi com ele. É um mestre que eu admiro por tudo o que a espiritualidade confiou em suas mãos e ele nos passa de uma forma muito sábia, sendo uma Umbanda simples, mas não simplista. Uma Umbanda que expõe a parte cientifica e a prática. Ele teve a coragem de trazer algo novo e acreditar na espiritualidade.
Qual a mensagem que a senhora deixa aos assistidos do Templo de Doutrina Umbandista Pai Oxalá e Pai Ogum?
Mãe Mercedes – Tenham muita fé em si mesmos e acreditem no seu potencial. E toda vez que forem ao Templo, procurem entender o que a entidade está querendo dizer. Façam sempre uma reforma íntima e utilizem o que a espiritualidade diz no seu dia-a-dia.